A banda de David Gilmour é um dos maiores exemplos de como um grupo pode ser ao mesmo tempo extremamente bem-sucedida e profundamente marcada por conflitos internos. Diferente de muitos grupos que enfrentam tensões após anos de carreira, os problemas começaram cedo, quando Syd Barrett deixou o grupo apenas três anos após sua fundação, tornando-se uma figura envolta em mistério e tragédia. Esse episódio inicial já sinalizava que a trajetória da banda não seria linear.
Com o passar do tempo, os desentendimentos se intensificaram. Richard Wright deixou o grupo em 1981 e, poucos anos depois, Roger Waters seguiu o mesmo caminho em 1985, após divergências criativas e pessoais com os colegas. Restaram David Gilmour e Nick Mason para manter a essência da banda, ainda que as feridas internas fossem profundas. Mesmo com algumas reconciliações posteriores, as mágoas permaneceram como marcas permanentes.
Gilmour, em especial, refletiu sobre o momento em que acredita que tudo começou a desandar para o Pink Floyd. Em uma entrevista de 2002, ele admitiu que o sucesso descomunal da banda trouxe consigo uma forma de corrupção, uma sensação de onipotência alimentada pelo dinheiro e pela fama.
O guitarrista apontou o álbum Animals como o marco em que essa corrosão interna ficou evidente. A partir dali, cada membro reagiu de forma diferente, mas todos foram afetados. O período de The Wall representou o ápice desse colapso, mesmo sendo também um dos momentos de maior reconhecimento artístico da banda. A grandiosidade da obra contrastava com a perda do propósito que inicialmente unia os integrantes.
Apesar de todos os conflitos, Pink Floyd deixou um legado inquestionável no rock. A jornada que começou com sonhos artísticos transformou-se em uma luta de egos e tensões, mas a marca que o grupo imprimiu na música permanece brilhante.
